Deitou-se na cama e sentiu o
lençol frio tocar-lhe o corpo nu. Precisava ficar sozinha. Sozinha com a Sarah
na vitrola e sua grande xícara de café. Porque café é a bebida perfeita. Esteja
você triste ou feliz. Depois de meses sentindo apenas o amargor do café,
poderia agora bebê-lo sem açúcar e achar a bebida mais doce de todas. Mesmo com
as dúvidas que pipocam sempre na sua frente, ela agora poderia dizer que tinha
voltado aos trilhos. Estava sozinha. Sim, estava sozinha. Mas a solidão que
teve ao não-estar sozinha tinha sumido. Ela agora estava segura de si mesma que
poderia ficar sozinha por tempo indeterminado. Mesmo não tendo a confiança que
gostaria de ter, sentia-se mais segura com seu corpo e com sua mente. Era uma
menina... não. Já era uma mulher. Poxa, já é uma mulher. Uma mulher que não se
sente como as outras. É uma mulher que não se importa com o mundo. E isso não é
egoísmo, entenda. Ela só quer aproveitar do jeito que acha correto, do jeito
que quer que seja, do jeito em que se sente bem consigo e sua alma louca. Sem
se importar com o que possam dizer dela. É do tipo que sairia de calcinha e
sutiã na rua. Sem vergonha, pois é o jeito que se sente confortável. Gosta de
beber, de falar palavrão, de fumar quando está se sentindo bem ou quando quer
relaxar. Não é do tipo academia ou maquiagem. Tem preguiça de manter a rotina
de base e pó compacto. Prefere os olhos mais escuros.
O que importa é que está bem
consigo mesma do jeito que é e sempre foi.
E que se foda o mundo.