domingo, 28 de julho de 2013

As horas.

Saiu enrolada no lençol e sentou no banco gélido. Estava sozinha. Sentiu-se arrepiar e se apertou ainda mais no cobertor. Acendeu o cigarro e viu o sol ainda abaixo da linha. Tinha perdido o sono e decidiu sentir o frio, o orvalho da madrugada. A noite estava indo embora, sabia. Mas por que sempre sentiria o frio da escuridão, mesmo quando o sol estivesse acima do horizonte? Por que sempre seria assim? Por que nunca se deixaria iluminar por completo? Por que teria sempre o orvalho, o sereno e o céu escuro, o breu dentro de si? Não sabia. Nunca saberia. E nem mesmo tentaria entender.

Aquilo era parte dela. Assim como o amanhecer e o entardecer fazem parte do dia. A ambiguidade da escuridão e da claridade.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Me beba.

Me traga a garrafa de vinho, meu amor. 
Me traga a garrafa de vinho e mais duas taças.
Uma para mim, outra para você.
Porque essa noite eu quero me entregar.
Me entregar por completo.
Me traga a garrafa de vinho. 
Entre os goles e meus lábios molhados, 
sinta meus beijos úmidos.
Sinta minhas unhas arranharem suas costas nuas,
minha voz embargada pela bebida sussurrar no pé do seu ouvido.
Ouça minhas besteiras e me leve a cama, me dispa e beba de mim.
Beba logo. Beba tudo. Beba devagar. Com moderação, mas com selvageria.
Me dê essa paixão vadia,
acenda esse fogo que vai se apagar
assim que a garrafa acabar e o dia surgir no horizonte.