terça-feira, 29 de outubro de 2013

Ristretto.

Ela sentou na área externa e pediu por um espresso. Não, um ristretto. Ela não estava bem humorada. Ela precisava de um sabor forte na boca. Quando a xícara quente apareceu na mesa, ela pegou o cigarro e viu a fumaça dançar na frente de seus olhos. Café e cigarros. Isso era tudo o que ela precisava. 

- Oi.

Deus. Tudo o que ela queria era ficar um pouco sozinha com seu café e seu cigarro. Ela olhou para cima e o viu. 

- Oi.
- Sozinha?
-Sim.
- Mal humorada?
- Absolutamente.
- Você não quer companhia, né?
- Hm. Bem. Eu não queria. Mas já que você já está aqui, tome uma xícara de café comigo, pode ser?
- Um cappuccino, por favor? - Ele pediu. - Então, o que você está lendo?
- Lygia Fagundes Telles.
- É bom?
- Sim. Olha. Você não quer ir para outro lugar?
- Outro lugar?
- É. Um lugar mais quieto, onde a gente poderia talvez... sei lá... transar. E depois eu poderia nos fazer café e podíamos fumar e falar besteira.
- Ok, eu tenho um lugar.

Café, cigarros e sexo. ISSO era tudo que ela precisava.

sábado, 19 de outubro de 2013

- Continua.

A chuva caia lá fora.
- Continua.
As lágrimas caindo torrencialmente no travesseiro.
Os olhares se cruzaram, profundamente, e continuaram por segundos que pareceram séculos.
Secou-lhes os rios do rosto.
Os raios e trovões cantavam e iluminavam o lençol na janela.
- Continua.



Aquele amor sempre haveria de continuar.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Glup.

A cerveja entrou gelada, rasgando em sua garganta.

- Desisto.
- De quê?
- De tudo.
- Hein?
- É. Tô de saco cheio.
- De quê, menina de deus?
- De tudo, cacete. Quero uma pausa.
- Tivemos um mês de férias.
- E já tivemos um mês de aula.
- Já já acaba.
- O quê?
- A faculdade.
- Mas é disso que eu tenho medo.
- Também.
- Que acabe logo essa TPM então. É a alegria mais próxima que posso ter.
- Calma, fiazinha. Acabemos nossa cervejinha tranquilas ao som de... Como é o nome mesmo?
- Led Zeppelin, vei! E acabar essa cervejinha não é uma alegria. Porque assim que acabar, a vida aparece.
- Tu tá precisando de uma boa fudida.
- Estou. 
- Mas já está com os dias contados.
- Espero.
- Está. Relaxe. Relaxe que já já você goza.
- Obrigada, fiazinha.
- Pelo quê?
- Pelas palavras de amizade.
- De nada. Eu sei que você me diria o mesmo. Ou pior. 

"A minute seems like a lifetime [...] when I feel this way" cantava Robert Plant, enquanto que a cerveja cantava  "glup" em suas gargantas.