quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Quinta-feira


Acordo. Tomo banho e o resto do suco da geladeira. Vou para o ponto de ônibus ouvindo Ritchie. Encontro a Bruna. Pego o ônibus discutindo produtos da Polishop. Chego na universidade. Aula de Filosofia do Direito. Kant era um virgem sem nada para fazer. Aula de Economia Política. Não aguento assistir toda. Céu nublado. Vou almoçar. Encontro a menina com cara de cu. Almoço sozinha. Vou para a biblioteca. Pego três livros. Trovões lá fora. Mesinha individual. Philosophie du droit. Hobbes e Locke. Vou para o ponto de ônibus. Encontro no caminho a menina com cara de cu novamente. No meio da passarela, vejo o ônibus chegando. Corre. Corri. Entrei no ônibus. Encontrei Bárbara. Conversa sobre livros, Harry Potter, Crepúsculo e compras de livros na internet. Meu ponto. Tchau. Caminhada. Vou na casa da Lidy. Converso. Vejo o Danielzinho lindo. Casa. Computador. Escrever. Escrevendo.



Ouvindo: My moon my man - Feist
Foto: Thursday Poster by ~jonny5ckn (Deviantart)

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

As pessoas estão chatas.


Quando eu era mais nova, eu tinha um senso de liderança. Minha mãe sempre notou isso em mim. Eu sempre me comunicava bem com as pessoas. E em trabalhos escolares, liderava o grupo e fazia com que tudo funcionasse bem. Porém, depois dos 15 anos, é como se a minha paciência para lidar com seres vivos, desapareceu. Porque eu simplesmente parei de gostar das pessoas. É claro que há indivíduos com quem eu gosto de conversar, e até mantenho uma amizade. Mas para mim, as relações humanas são coisas chatas, que na maioria das vezes são forçadas: como a relação com o vizinho, com os amigos de classe. Eu sei que isso pode parecer ofensivo para alguns, ou radical para outros. E talvez, seja apenas uma fase da minha entrada no mundo adulto, afinal ainda falta um pouco mais de dois meses para eu chegar aos 19 anos vividos. Mas os 3 últimos anos destes vividos, foi de reclusão de um grande número de pessoas, restringindo-me à apenas algumas. Só aquelas com os interesses em comum, não tendo vontade de conhecer aquelas outras. Talvez soe egoísta admitir que até com alguns familiares minha paciência 'relacional humana' se esgote quase que imediatamente, e até admito que eu posso estar muitissimamente errada. Mas para mim, as pessoas não são mais interessantes. Muito menos eu.

Ouvindo: Meu cérebro dizer: Vá dormir.

domingo, 12 de setembro de 2010

Só preciso de um sorvete de menta.


A semana toda o céu se mostrou azul. Igual ao sorvete céu azul da Bali. Mas hoje, quando acordei, ele estava cinza. Não imaginava que esse céu acinzentado, seria o meu dia. Levantei da cama às oito na manhã. Talvez você pense que isso não é uma hora muito boa para se levantar num dia de domingo. Mas amanhã é segunda, e eu vou ter minha primeira prova de verdade da universidade. É tão estranho falar universidade. Porque eu sempre imaginava como seria minha vida na faculdade, mas agora eu estou nela. Eu não preciso mais imaginar, basta apenas viver. Enfim. Amanhã é segunda. E eu tenho minha primeira prova. Introdução ao direito. Já estudei, mas preciso só fazer aquela revisão. Saber se eu sei. Até que eu estudei, mas acho que o sentimentalismo dominical se juntou com um melancolismo indesejável e me atacou. Apareceu a vontade de chorar, a falta de paciência, o medo da prova de manhã, a vontade de estar em outro canto. Quem sabe na praia. Tentei estudar mais, só para tentar esquecer esse sentimento chato. Mas nem nem. Nem saiu. Talvez eu só deva senti-lo. E mais tarde, com um sorvete de menta com cobertura de morango e o filme legal que vai passar no Telecine, relaxar para a prova de segunda.

Ouvindo: Rock upon a porch with you - The boy least likely to
Foto: .icecreamm. by ~tulinhaa (Deviantart)

sábado, 3 de julho de 2010

I'm blue, man.


Os dias não estavam agradáveis. Passara a sexta com os olhos inchados das horas em que as lágrimas não pararam de escorrer. Dormiu, mas ainda sentia o coração apertado e o nó na garganta. Não sabia explicar toda aquela bagunça que sentia dentro de si. Isso era o resultado de pensar demais. Porque eu penso demais. Por que pensar tanto assim? E ser mais organizada que os outros? Já é sábado. Acordou com o celular falando francês e o sol no tapete do quarto. Permitiu-se um pouco mais na cama. Afinal, a insônia agora é moda, e mais uma hora e meia na cama é justo no final das contas. Passou o dia na casa da amiga. Com algo estranho. Talvez ainda um aperto, sei lá. Costumava levar a fundo os sentimentos estranhos. Tem duas festas para ir. Não quer ir para nenhuma. Apesar de querer sair. Mas não quer sair com todos. Muito barulho. Muita bagunça. Por nada. Estava no espírito de sair com metade dos ‘todos’, tomar uma boa caipirosca ou qualquer outra bebida forte e sentir o cheiro do cigarro na noite (apesar de ter decidido não pôr nenhum cigarro na boca mais uma vez). Mas acabou ficando em casa, assistindo a super estréia do Telecine Premium com uma boa xícara de café (boa mesmo, e ela não costuma fazer muito bem) e o fim da noite ouvindo blues. Porque é bom quando se está ‘blue’.

Colocou o pijama. Leu algumas páginas do livro e adormeceu esperando que o domingo seja melhor que a sexta e o sábado. Mas não tendo tantas esperanças assim.


Escutando: All over again - B.B. King
Foto: Coffee and Cigarettes by juliabax (Deviantart)

quarta-feira, 23 de junho de 2010

São João


O dia tinha sido ruim. Para começar, teve que acordar cedo e ir ao centro da cidade com a mãe. Passou o dia todo andando, sem a mínina paciência para a conversa entre sua mãe e sua avó. Seu calcanhar doía. A cabeça também. Terrivelmente. Só pensava em chegar em casa e cair na cama. Nem precisava tomar banho. Uma cama e uma almofada já estariam ótimas. Porém, ao chegar em casa, viu que tinham coisas para arrumar. Deitou-se por 30 minutos no tapete do quarto. Só para sentir um pouco a necessidade de deitar em algum canto. Arrumou as coisas pendentes. É véspera de São João, e vai ter festa. Pelo menos não ficaria sozinha, ela pensou. O dia decidiu simplesmente não ser bom, e ela passou a festa sentada sozinha se empanturrando de comidas de milho, sentindo o cheiro da fumaça e da pólvora dos fogos. Tudo que queria, naquele momento, era um cigarro. Acenderia na fogueira. E ela não gosta muito de fumar, principalmente porque murcha os peitos, mas às vezes, nos sentimos tão angustiadas, tristes, dando desculpa que nossos olhos estão marejados por culpa da fumaça forte, que um cigarro não é nada quando comparado ao coração apertado.


Foto: Google
Escutando: As marteladas na cabeça pedindo cama.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Minha cabeça dói.


Sua vida está deprimente.
Os dias passam devagar,
E os ponteiros dos relógios cidade afora, parecem estar sem energia.
Sua quinta feira foi completamente tediosa.
Acordar às 10:00 com dor de cabeça depois de passar a madrugada com insônia.
Assistir Felicity. Por que ela influencia tanto nos nossos pensamentos?
Sair de casa para resolver problemas quando gostaria de resolver os seus próprios problemas mentais e emocionais.
A chuva ajuda a melancolia. Para se fixar no nosso corpo como uma praga.
Lembranças de outros tempos.
- O que aconteceria se eu tivesse feito isso? Se eu tivesse dito não?
Chegar em casa pelas 3:00 da tarde, assistir um pedaço do ‘Estranho mundo de Jack’ e correr para a cama dormir. Há algo mais para fazer?
Acordar e perceber que já está escuro lá fora. Sentar na beira da cama, colocar a cabeça nas mãos e pensar.


São 22:45.
A cabeça dói.
Dormir?


Escutando: And you tell me - A-ha
Foto: sleep by ~oXYSTERo

sexta-feira, 23 de abril de 2010

O banjo


Estavam deitados na cama um ao lado do outro. Cansados. Ela deitou no peito nu dele.
- Só falta o cigarro agora.
- Verdade – ela riu. – Mas eu não vou fumar mais.
- Que bom, né? E por que não?
- Porque eu li que fumar murcha os peitos.
Ele fez uma cara incrédula e cômica.
- Fumar causa câncer, e você só vai parar porque murcha os peitos?
Ela sorriu:
- É claro!
Ela sentou meio inclinada para ele.
- Adoro ficar assim com você.
- Eu também.
Ele observou o corpo nu dela.
- Você deveria ficar assim mais vezes.
- Assim como?
- Nua. Mas só para mim.
- É, né?
- É.
Aquela era uma tarde em que ela se sentia bem. Muito bem na verdade. Em que ela imaginava tudo aquilo como uma cena de filme, só o homem e a mulher, deitados na cama, conversando suas idéias inúteis, com o banjo recém comprado dele deitado no chão e o som ao longe tocando talvez Bob Dylan. Mais tarde ela faria um bom café e ouviria Joni Mitchell para aquecer antes da sua aula de finlandês. Isso sim é um bom começo de fim de semana.


Ouvindo: Safe and sound - Azure Ray
Foto: ban by ~HerrWilliam (Deviantart) (É ele quem toca banjo, mas ela achou a foto linda)

quinta-feira, 25 de março de 2010

Eu sou uma árvore



Eu gosto de ver árvores retamente podadas. Ou circulamente. Mas podadas. Me dá a impressão de que a vida das árvores estão devidamente organizadas. Sem nenhum galhinho atrapalhando a beleza e o prazer de estar organizada e podada. Eu queria que minha vida fosse podada. Estou vivendo uma verdadeira bagunça. Parece que pegaram minha alma e deram vários nós. Que pegaram meus neurônios e misturaram todos. Eu sou uma árvore não-podada. Cheia de galhos atrevidos atrapalhando toda a minha copa. E eu realmente não encontrava forma para me podar. Na verdade, meus recursos criativos e imaginários tinham se esgotado. Eu não conseguia mais dar frutos. Eu sou uma árvore infrutífera. Decidi procurar algo ou alguém para me podar. Falei com algumas árvores amigas, que eram podadas. Elas me deram várias receitas, mas nada adiantou. Chamei um jardineiro, mas ele só fez alguns cortes em mim que doeram por mais de duas semanas. Foi aó que cheguei a conclusão: o único ser que pode me podar, sou eu mesma.

(Um dos textos mais bizarros que já escrevi na minha vida)
25 de setembro de 2008.

Foto: Trees by *complejo

quarta-feira, 3 de março de 2010

As lágrimas de Hanna


Ela fez o café e sentou na cama tomando aos pequenos goles a bebida preta e quente. Tão quente que sua língua queimou, e isto a fez lembrar como estava triste. A pequena dor fez as lágrimas começarem a cair, devagar, como o começo da chuva no outono. Terminou o café e deitou-se na cama, sentindo as gotas de sua chuva parar no outro olho. Ele chegou e a viu no quarto, com o disco que já tinha acabado ainda rodando na vitrola. Desligou-o. Deitou-se ao seu lado e secou suas lágrimas. Deitou sua cabeça no peito dela, e ela o acariciou. Não entendia, mas aquilo a acalmava enquanto as lágrimas ainda caiam e ele podia a sentir soluçar. Ela queria falar, mas não tinha vontade. Ele preferiu deixá-la em silêncio. Era noite. E deitados dessa forma, dormiram juntos até a manhã aparecer.

Ouvindo: Both sides now - Joni Mitchell (Love actually soundtrack)
Foto: Tears by ~marklarka