domingo, 9 de dezembro de 2012

Agenda: 21/12 - Preparada para o fim.

- Você viu? A NASA disse que o mundo não vai acabar dia 21 de dezembro. Ela fez uma conferência para avisar os terráqueos de que o mundo não iria acabar. Não acredito que tenham pessoas que acreditam nisso.
- E quem é a NASA para dizer isso?
- Oi? Você acredita nessa história?
- "No creo en las brujas. Pero que las hay, las hay". Não acredito, mas tenho esperança.
- Esperança que o mundo acabe?
- Sim. Estou de saco cheio já. É faculdade, é crise econômica, é guerra... Tá bom do mundo acabar já. Todo mundo já tá cansado. Sem contar que o mundo acabando no dia 21, eu não ia precisar comprar roupa nova pro Natal e pro Ano Novo... Tudo ia acabar. Um meteoro atingiria a Terra e tudo ficaria bem.
- Tudo ia ficar bem com a gente morto?
- Aham. O mundo ia explodir e txanran! Não dizem que somos poeira no espaço? Nos tornaríamos poeira no espaço no sentido literal da palavra!
- É poeira das estrelas.
- Poeira das estrelas, poeira nas estrelas... Whatever.
- Você parece cansada do Planeta Terra.
- Mas eu estou.
- E se uma nave vogon aparecesse? Ou o Doutor? E pudesse te salvar?
- Bem aí é diferente. O mundo poderia continuar no seu plano de extinção. EU ia sair daqui.
- E deixar todo mundo? Morrendo? Isso não é um pouco egoísta?
- É o fardo que eu terei que levar. Assim como o último Lorde do tempo. Deal with it.

domingo, 21 de outubro de 2012

Me dá aquele teu camisão?

Chegaram do trabalho e decidiram fazer juntos um ravioli. Não, não tinham força, nem coragem o suficiente para cozinhar uma massa fresca. Compraram aquela pronta e uma garrafa de vinho. Pegaram o molho de tomate e colocaram mangericão fresco da pequena horta que ela havia feito na varanda do apartamento. Comeram assistindo o jornal. Tomaram banho juntos e transaram no chuveiro.

- Amor, meus pijamas estão sujos, me dá aquele teu camisão?
- Dorme de calcinha.
- Mas eu fico com frio mais tarde.
- Ok, pega na gaveta.

Deitaram. Ele acendeu o abajur e eles começaram a ler. Ele, algo sobre música. Ela sobre a economia brasileira.

- Tô com sono, amor. Demora pra dormir não, tá?

Ela virou para um lado da cama e aos poucos foi pegando no sono, mas antes disso, viu o quarto ficar escuro e sentiu os braços dele em seu corpo formando uma conchinha e a protegendo de qualquer pesadelo que pudesse ter.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

A vontade de sair.

O que fazer
Quando sua casa não é mais seu lar?
O que fazer
Quanto tu sentes mais pra lá que cá?
Quando tua vida não é mais a mesma,
Quando tua vida não é mais aqui.

Como saber
Que caminho eu tenho que seguir?
Mas tenho medo de cair ali
Ou me perder e não saber sair...

E o coração se torna um nó só
E as raízes vão tornando pó.
E num instante você entende,
Que nada mais na cidade te prende,
Que nada mais pra ti pertence...

Ou é você que nunca pertenceu?

domingo, 3 de junho de 2012

Parar.

Decidiu tentar parar. Tinha que parar. Depois do turbilhão de coisas, o turbilhão de pensamentos que surgia na última semana, precisava parar. Aquilo estava mais complicado do que imaginara. Eram contradições dentro de si. Queria estar sozinha no início do dia e braços no fim da noite. Queria a bebida gelada, mas preferia o reconforto do calor na língua. Queria a cama vazia, mas a presença de alguém por alguns segundos, minutos, horas. Quem sabe dias. Queria o sol esquentando o lençol, mas diante da melancolia do coração, a luz prata da lua era melhor. Aqueles dias cansaram, cansaram tanto que a mente não conseguia pensar em mais nada. Da boca só saiam coisas sem sentido. Dos olhos, lágrimas que junto d'água corriam para o ralo. Deitou-se na cama e pensou: tenho que parar. E assim parou.

Morena.

Reconfortou seu corpo nos braços dele.

- Você é perfeita para abraçar.

Ele passou a mão em suas costas nuas e alisou a pele morena. Ela sentiu arrepiar-se e riu. Estava segura, como nunca mais havia sentido. Apertou-se em seus braços, fazendo seus seios tocarem o peito dele. Não queria soltar. Só sentir ainda mais aquela impossibilidade. Era errado. Sabia. Era errado. Mas por que se se sentia tão bem?

- Você está bem, minha linda?
- Sim, obrigada.

Beijou-o. Beijou-o como se fosse seu primeiro beijo, como se pudesse aprender mais com ele. Alisou seu rosto. Ele era perfeito. Apaixonou-se imediatamente. Talvez pelo perigo, talvez pela idade, mas ele a fascinava. Deitaram-se. Ela em seu peito. E passaram o resto de suas horas falando sobre a vida que nunca poderiam ter. O momento que nunca existira. A imaginação que nunca sairia de sua mente.

Março, 2012.

sábado, 31 de março de 2012

Cello et café.

Ela pode sentir as mãos dele acompanhar o cello em suas costas quase nuas.

- De fato, essa banda é muito boa.
- Eu disse.

E sorriu. Não. Aquilo talvez não fosse apropriado. Mas sentia falta de uma cama e uma companhia. E sentir a música invadir seu corpo, naquela melancolia que só o violoncelo conseguia trazer, foi um tanto prazeroso.

- "Never cared for what they say..."
- "And nothing else matters..."

Beijo-a profundamente. Aquele beijo não significava nada. Mas acalentava. Acalentava a alma bagunçada e desorientada. Que só queria um momento de ... de ... de solidão conjunta, talvez.

- Acho que os cookies estão prontos. Está sentindo?

Ele sentia o cheiro de biscoitos saindo do forno.

- Só se for com café.

E ao café estar nas enormes canecas e os biscoitos em uma pequena tigela, voltaram para a cama e conversaram as pequenas coisas da vida que os reuniram ali.




Ouvindo: One - Apocalyptica plays Metallica

domingo, 25 de março de 2012

Coffee makes everything better

E aí ela deitou na cama, agarrando seu tigre de pelúcia, repetindo a si mesma que estava tudo bem. Estava tudo bem. Ela tinha livro para ler até quarta e uma prova em dois dias. Mas estava tudo bem. Mas o domingo dizia não estar nada bem. Ou seus hormônios. Ou a barra de chocolate que ela comeu em 30 minutos. Ou a Zooey Deschanel cantando em seus ouvidos. Estava tudo tão estranho. Tudo parecendo tão distante. E ao mesmo tempo, ela sentia uma felicidade da solidão que nunca mais tinha sentido. Queria tomar aquele café e conversar as besteiras da vida. Ouvir seus discos na vitrola e pular sozinha na cama. Ah. Tá tudo bem, querida. Só é tomar uma xícara de café na segunda pela manhã que tudo vai ficar bem.