domingo, 8 de junho de 2014

Shame.

Bebeu metade do vinho, derrubou um pouco do que restara na garrafa e encheu a taça com as últimas gotas do vinho chileno que ganhara dele.
Depois de ter assistido a série que tanto gostava, bebeu o resto do líquido roxo de calcinha e sutiã no sofá.
Estava pensando. O que estava acontecendo com sua vida?
Só tinha certeza de uma coisa: não sabia mais de nada.
Por toda sua vida, teve certeza das coisas. Mas agora, a única certeza que tinha, era que aquela taça, a sua frente, acabaria em alguns minutos.
Era verdade: gostaria de transar agora.  Mas tinha mais vontade de estar sozinha.
Porque era assim que se sentia nos últimos anos.
Apesar de tudo, estava sozinha. E só tomou conta disso nos últimos meses.
Estava sendo idiota? Não sabia.
Estava sendo paciente demais e deixando sua vida escorrer de suas mãos? Não sabia, mesmo se inclinando para a resposta afirmativa.
Nunca mais tinha se sentido desejada até receber o email de um desconhecido dizendo que gostaria de transar com ela.
Sim. Por mais estranho que isso tenha sido, ela tinha se sentido especial. De um jeito que há tempos não se sentia.
‘We’re not bad people’.
Acabou a garrafa de vinho.
Deitou na cama.
Chorou.
Dormiu esperando um novo dia.

Um dia. Mais um dia.