terça-feira, 12 de novembro de 2013

Quando ele me beija, é natal o tempo todo.

Já estava na rua perto de casa quando viu o céu negro do fim da estrada.

“Vixe, vai cair pé d’água.” - Pensou.

Apressou o passo e virou a esquina quando o vento soprou e trouxe o som de uma vitrola a tocar uma música familiar. Sorriu e parou para vê-la pela janela da cozinha do apartamento, de camisa e calcinha (já tinha avisado a ela que da rua dava pra ver o apartamento, mas ela teimava em não acreditar), dançando com Woody Hermann, o músico de jazz que ela mais gostava de ouvir quando estava cozinhando. Ela havia dito que chegaria cedo do trabalho e que hoje faria o jantar.

Desceu a ladeira, entrou no prédio e lentamente, colocou as chaves no trinco da porta. O som do piano vindo das caixas da vitrola aumentou. Posicionou-se no vão da porta da cozinha, enquanto ela ainda não tinha sentido a presença dele. Ela continuou dançando e cortando as cebolas, tomates e calabresa. Foi quando ele riu. Ela se virou e riu:

“Está aí há quanto tempo? Nem pra vir me ajudar a cortar as coisas... Só fica aí olhando minha bunda e as minhas pernas.”

“São lindas, fazer o quê?”

Ela lavou as mãos. Deixou a faca e as coisas no balcão. Foi quando Frances Wayne começou a cantar Happiness is a Thing Called Joe.

“Dança comigo?”

“Sempre.”


E enquanto o pé d’água caia lá fora, a felicidade dançava naquela cozinha apertada.

P.S. Clica no nome da música para ouvir no youtube :)