sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Sabonete Senador.

Tocou a campanhia já imaginando que ele estivesse dormindo.
PRÊÊM.
Tocou mais uma vez.
PRÊÊM.
Foi quando ouviu um ruído e passos se dirigindo até a porta. Ele surgiu pela fresta aberta com o olhar sonolento.
- Amor...!
Ela entrou, abraçou-o e não soltou mais.
- O que houve?
- Nada. – Ela respondeu, segurando o choro na garganta.
- Estou preocupado.
Ela permaneceu calada, querendo sentir apenas seu corpo agarrado ao dele para pensar estar mais segura. Mas como estar mais segura se todos os problemas que estava sentindo se originavam exatamente de sua mente?
- Vem, vou escovar os dentes e você me fala o que foi.
No caminho para o banheiro, ela foi contando e chorando. Mais uma vez, ele tentou acalmá-la de tudo aquilo. Ela sabia que poderia estar exagerando. Mas por que sentia que não? Abraçou-o mais uma vez e a cada aperto, o choro parecia aumentar. Estava soluçando, inconsolável.
- Vamos fazer assim: a gente toma um banho junto e vamos almoçar. Que tal?
E quando ele tentou desabotoar sua blusa, ela voltou ao choro incontrolável. Creio que foram 30 minutos para tentar acalmá-la e tirar sua roupa. Abraçou-a novamente, só que dessa vez debaixo do chuveiro. 5 segundos depois, ela desligou e disse:
- Está faltando água em São Paulo.

Ele sorriu e ela voltou a chorar. O dia de apenas seis horas havia sido difícil, ainda teria de trabalhar e seus hormônios militantes da TPM estavam mais fervorosos que os eleitores do PSDB e PT em brigas nas ruas nas últimas semanas. Mas, por alguma razão, não sabia a qual, e apesar da angústia no coração, ela sabia que ele estava certo. Tudo estava bem.