sábado, 13 de abril de 2013

Jogo da Vida.

Às vezes eu acho que as coisas seriam bem mais fáceis se eu me matasse. Isso não é uma carta suicida. Não. Eu não vou me matar. Mas é que de vez em quando, eu tenho esperança que a vida seja que nem aquelas de videogames. Eu morro e depois volto ao começo. Ou volta a uma parte segura. Mas a vida, como vocês bem sabem, caros amigos, não é assim. A vida de verdade. De carne e osso. Não vem com manual de instrução como aquele Jogo da Vida. Ou com uma versão demo (não de demônio, a forma demo, demonstração). Acontece que em alguns momentos, eu queria uma dica. Uma dica que desse em algo bom. Uma carta de sorte. Porque às vezes, parece que só vem carta de revés. Armadilha após armadilha. É quase como aquele jogo, Limbo. Parece que tudo está nas trevas e você não consegue ver onde pisa e o que te espera. Ou Campo Minado, quando você acha que encontrou um ponto tranquilo pra clicar e daí BAAAAAAAAM. Fico pensando: seria legal perder a vida de vez em quando, ganhar outra, começar. Ou melhor, recomeçar de um ponto firme; comer um cogumelo e melhorar de vida, ficar mais forte, ou até mesmo parar quando se sentir cansado. Mas não há como. Não há pausa, mas apenas o certo game over. O que nos resta então, é jogar a Paciência.

terça-feira, 9 de abril de 2013

Mas eu não sou apaixonada por você, cara.

- Posso falar com você? - Baixou a voz - Em particular?
Ela estranhou, mas afirmou com a cabeça. Ao se afastarem das que pessoas que conversavam alto na área de lazer do prédio, ela decidiu perguntar logo.
- Aconteceu alguma coisa?
- Não, nada. É só que eu tenho que te falar uma coisa.
- Ahm, ok. Então fala.
- Como eu vou falar isso?
Ela o encarou sem entender o que porra estava acontecendo.
- Bem - ele começou - é que eu soube que você tem sentimentos por mim e eu tenho que te avisar - ela tentou interrompê-lo, mas ele continuou - Não precisa ficar com vergonha. Eu sei, isso acontece, a pessoa se apaixonar pelo chefe, mas é complicado isso. Sinto muito, mas não dá, não quero te magoar. - Ele sorriu.
- Ahm.
- Você é uma garota muito legal, inteligente, bonita, se eu pudesse com certeza te chamaria para sair. Mas...
- Mas eu não sou, nem estou apaixonada por você, cara. 
- Quê? - O sorriso sumiu de seus lábios. Na verdade, continuou, mas para disfarçar a surpresa.
- Eu não sei quem te falou tudo isso, mas eu não sinto isso por você. O que eu sinto por você é uma coisa completamente diferente de amor. Eu só sinto tesão por você. Tara. Sabe?
- Quê?
- Ahm. É... Desculpa ser tão direta assim, mas é a verdade. Como você mesmo diz, sou kantiana né?
- É, claro. Mas, ahm.
- Cara, eu só penso em transar com você. Só isso. Nada mais. Não se preocupe que eu não te amo, ok?
- Ok.
- Não era isso que você pensava ouvir de mim né? Mas poxa, cara. Você preenche todos os requisitos. Ou quase todos: é mais velho, tem barba, é meio galinha, é gostoso, é inteligente, é legal... Já tem até filho. Perfeito pra ser o tipo buddy call.
- Estou me sentindo meio usado, mas tudo bem.
- Eu nem te usei ainda, cara, relaxa. Vixe.
- Por que eu ter um filho já ajuda?
- Porque, oras. Não é daqueles caras que fica conversando sobre ter filhos futuramente, já tem um, pra quê mais?
- Hm. E como assim eu sou galinha? E como isso te ajuda?
- Cara, vai negar que tu é galinha?
Ele deu de ombros. Ela continuou.
- E ainda, repito, só quero sexo. Fuck. Quem sabe cinema às vezes. Ou jantar. Mas qualquer coisa que dê na cama.
- Estou me sentindo usado.
- Cara, relaxa. Você é como o irmão bastardo do príncipe encantado.
- Hein?
- Você é o irmão mais bonito, mais gostoso, mais pegador, que come todas as princesas do continente, mas não é o cara pra casar, sabe? Daí a princesa transa contigo, mas casa com o príncipe, porque ele sim é um cara pra se casar, mais responsável e que come bem pra vida de casado e que vai amar a princesa como uma verdadeira rainha.
- Então quer dizer que eu não sou o príncipe encantado?
- Cara, que isso... Você pode ser pra alguém, mas eu não quero nada disso com você. Quero seu lado Lancelot, não Arthur.
- Pois procure outro, porque eu não sou Lancelot ou um boneco pra você usar a hora que quer. - E saiu indignado, marchando prédio acima.
- Danosse. Além de filho bastardo é viado.