segunda-feira, 18 de julho de 2011

Sorvete de Blueberry

Enquanto o ônibus não chegava, leu mais um capítulo do livro e quase perdeu o ônibus que vinha com velocidade. Já que não conseguia ler em veículos em movimento, ouviu The Arcade Fire no mp4 num volume não tão alto. Observou o céu escuro de um lado e o sol se pondo de outro. Ia chover, e esperava que isso não atrapalhasse o encontro com os amigos da faculdade que em semanas não via. Uma amiga do colégio entrou no ônibus e todo o caminho foi relembrando os momentos que já passaram e as fofocas novas das pessoas. Despediu-se e logo chegou no McDonald’s e viu seus amigos na área externa. Sorriu. Adorava sair em dias nublados para jogar conversa fora. O plano inicial era tomar café, mas o Rei do Mate estava fechado. Contentou-se com o sanduíche da promoção, batata frita e meio litro de coca-cola. Contou o sonho onde transara com o cantor Otto em sua casa de taipa. Saíram da área externa quando sentiram as gotas da chuva molharem a mesa. E continuaram suas conversas que depois foram adocicadas com um sorvete de blueberry. Logo foi pro ponto de ônibus. Minutos depois que entrou no ônibus, a chuva caiu torrencialmente. Observou o garotinho desenhar no vidro. Ofereceu seus braços para os livros do rapaz que estava em pé. Achou que era um dos alunos africanos da universidade federal. Observou também a calça jeans da mulher que parecia que ia estourar, de tão apertada que se encontrava. Perto de casa, abriu o guarda-chuva e caminhou sentindo o vento frio do inverno nos braços nus. Tomou um banho quente, colocou uma camisa grande que servia de pijama e continuou a ler alguns capítulos do livro. Trocou palavras com o namorado, imaginando sua presença na cama fria, embaixo do lençol, acariciando seu corpo até o sono aparecer. Ouviu a cantora que só se permitia ouvir quando estava de bem com si mesma e em noites calmas assim.

Como queria mais um sorvete de blueberry e as carícias do namorado embaixo do lençol.

d--b - 1963 - Rachael Yamagata

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