Já
estava na rua perto de casa quando viu o céu negro do fim da estrada.
“Vixe,
vai cair pé d’água.” - Pensou.
Apressou
o passo e virou a esquina quando o vento soprou e trouxe o som de uma vitrola a
tocar uma música familiar. Sorriu e parou para vê-la pela janela da cozinha do
apartamento, de camisa e calcinha (já tinha avisado a ela que da rua dava pra
ver o apartamento, mas ela teimava em não acreditar), dançando com Woody
Hermann, o músico de jazz que ela mais gostava de ouvir quando estava
cozinhando. Ela havia dito que chegaria cedo do trabalho e que hoje faria o
jantar.
Desceu
a ladeira, entrou no prédio e lentamente, colocou as chaves no trinco da porta.
O som do piano vindo das caixas da vitrola aumentou. Posicionou-se no vão da
porta da cozinha, enquanto ela ainda não tinha sentido a presença dele. Ela
continuou dançando e cortando as cebolas, tomates e calabresa. Foi quando ele
riu. Ela se virou e riu:
“Está
aí há quanto tempo? Nem pra vir me ajudar a cortar as coisas... Só fica aí
olhando minha bunda e as minhas pernas.”
“São
lindas, fazer o quê?”
Ela
lavou as mãos. Deixou a faca e as coisas no balcão. Foi quando Frances
Wayne começou a cantar Happiness is a Thing Called Joe.
“Dança
comigo?”
“Sempre.”
E
enquanto o pé d’água caia lá fora, a felicidade dançava naquela cozinha
apertada.
P.S. Clica no nome da música para ouvir no youtube :)
Nenhum comentário:
Postar um comentário