Bebeu
metade do vinho, derrubou um pouco do que restara na garrafa e encheu a taça
com as últimas gotas do vinho chileno que ganhara dele.
Depois
de ter assistido a série que tanto gostava, bebeu o resto do líquido roxo de
calcinha e sutiã no sofá.
Estava
pensando. O que estava acontecendo com sua vida?
Só
tinha certeza de uma coisa: não sabia mais de nada.
Por
toda sua vida, teve certeza das coisas. Mas agora, a única certeza que tinha,
era que aquela taça, a sua frente, acabaria em alguns minutos.
Era
verdade: gostaria de transar agora. Mas
tinha mais vontade de estar sozinha.
Porque
era assim que se sentia nos últimos anos.
Apesar
de tudo, estava sozinha. E só tomou conta disso nos últimos meses.
Estava
sendo idiota? Não sabia.
Estava
sendo paciente demais e deixando sua vida escorrer de suas mãos? Não sabia,
mesmo se inclinando para a resposta afirmativa.
Nunca
mais tinha se sentido desejada até receber o email de um desconhecido dizendo
que gostaria de transar com ela.
Sim.
Por mais estranho que isso tenha sido, ela tinha se sentido especial. De um
jeito que há tempos não se sentia.
‘We’re
not bad people’.
Acabou
a garrafa de vinho.
Deitou
na cama.
Chorou.
Dormiu
esperando um novo dia.
Um
dia. Mais um dia.
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