sábado, 23 de abril de 2016

Fecha a porta ao sair.

Você saiu e esqueceu de fechar a porta. 
Você saiu e deixou suas coisas espalhadas pelo apartamento. 
Deixou palavras soltas e indecifráveis. 
Deixou copos sujos de cachaça, taças sujas de vinho. 
Deixou dúvidas e indagações. 
Levou minhas certezas e deixou memórias doloridas no chão da sala. 
Deixou teu cheiro impregnado na cama. Os lençóis bagunçados.
Deixou a comida com sabor amargo e coração azedo. 
Deixou janelas abertas e o vento frio das lembranças me acorda todas as noites e tira o sono, único amigo além da cachaça ao lado da cama quando os pesadelos de tua presença ao meu lado vem junto do sereno. 
Levou sonhos, as esperanças, o sopro de vida, cuja falta me deixou encolhida no tapete do chão do quarto. Aquele que te fiz comprar. Ouviste e bagunçaste todos os meus discos. 

Você saiu e esqueceu de fechar a porta. 
A sala já está empestada de poeira da memória impregnada nos móveis, nos porta retratos. 

Você saiu e deixou a porta aberta. 
E como fechar a porta se levaste a chave?

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