terça-feira, 9 de abril de 2013

Mas eu não sou apaixonada por você, cara.

- Posso falar com você? - Baixou a voz - Em particular?
Ela estranhou, mas afirmou com a cabeça. Ao se afastarem das que pessoas que conversavam alto na área de lazer do prédio, ela decidiu perguntar logo.
- Aconteceu alguma coisa?
- Não, nada. É só que eu tenho que te falar uma coisa.
- Ahm, ok. Então fala.
- Como eu vou falar isso?
Ela o encarou sem entender o que porra estava acontecendo.
- Bem - ele começou - é que eu soube que você tem sentimentos por mim e eu tenho que te avisar - ela tentou interrompê-lo, mas ele continuou - Não precisa ficar com vergonha. Eu sei, isso acontece, a pessoa se apaixonar pelo chefe, mas é complicado isso. Sinto muito, mas não dá, não quero te magoar. - Ele sorriu.
- Ahm.
- Você é uma garota muito legal, inteligente, bonita, se eu pudesse com certeza te chamaria para sair. Mas...
- Mas eu não sou, nem estou apaixonada por você, cara. 
- Quê? - O sorriso sumiu de seus lábios. Na verdade, continuou, mas para disfarçar a surpresa.
- Eu não sei quem te falou tudo isso, mas eu não sinto isso por você. O que eu sinto por você é uma coisa completamente diferente de amor. Eu só sinto tesão por você. Tara. Sabe?
- Quê?
- Ahm. É... Desculpa ser tão direta assim, mas é a verdade. Como você mesmo diz, sou kantiana né?
- É, claro. Mas, ahm.
- Cara, eu só penso em transar com você. Só isso. Nada mais. Não se preocupe que eu não te amo, ok?
- Ok.
- Não era isso que você pensava ouvir de mim né? Mas poxa, cara. Você preenche todos os requisitos. Ou quase todos: é mais velho, tem barba, é meio galinha, é gostoso, é inteligente, é legal... Já tem até filho. Perfeito pra ser o tipo buddy call.
- Estou me sentindo meio usado, mas tudo bem.
- Eu nem te usei ainda, cara, relaxa. Vixe.
- Por que eu ter um filho já ajuda?
- Porque, oras. Não é daqueles caras que fica conversando sobre ter filhos futuramente, já tem um, pra quê mais?
- Hm. E como assim eu sou galinha? E como isso te ajuda?
- Cara, vai negar que tu é galinha?
Ele deu de ombros. Ela continuou.
- E ainda, repito, só quero sexo. Fuck. Quem sabe cinema às vezes. Ou jantar. Mas qualquer coisa que dê na cama.
- Estou me sentindo usado.
- Cara, relaxa. Você é como o irmão bastardo do príncipe encantado.
- Hein?
- Você é o irmão mais bonito, mais gostoso, mais pegador, que come todas as princesas do continente, mas não é o cara pra casar, sabe? Daí a princesa transa contigo, mas casa com o príncipe, porque ele sim é um cara pra se casar, mais responsável e que come bem pra vida de casado e que vai amar a princesa como uma verdadeira rainha.
- Então quer dizer que eu não sou o príncipe encantado?
- Cara, que isso... Você pode ser pra alguém, mas eu não quero nada disso com você. Quero seu lado Lancelot, não Arthur.
- Pois procure outro, porque eu não sou Lancelot ou um boneco pra você usar a hora que quer. - E saiu indignado, marchando prédio acima.
- Danosse. Além de filho bastardo é viado.

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