quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Réquiem.

Quando estava triste, gostava de dirigir.
Mas naquela noite, além da tristeza, havia medo. Medo do que poderia acontecer, do que estava por vir.
Depois de tomar uma garrafa de vinho, chorando aos prantos na areia da praia, colocou Mozart no som do carro.
Sabia que a vida era feita de decisões. De erros. E aquilo estava a matando por dentro. Todos os passos em falso. Todas as dúvidas.
Não sabia que aquela sinfonia havia sido escrita no leito de morte do músico austríaco.
Também não sabia que ao dirigir por mais de 120km/h, com aquela sinfonia alta a invadir seus ouvidos, o seu leito de morte já havia sido construído. Colidiu com o poste. Morreu na hora.


Disseram que quando tiraram o corpo do que restou do carro, seus olhos inchados de tanto choro, aparentavam finalmente, a paz que ela queria em vida.

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